Muitas vezes, quando vivemos a história, a ficha demora pra cair. Você pode reparar e lembrar de todos os momentos históricos que você já viveu...lembra ai. Você não se vê no meio do furacão...é só quando ele passa que os estragos, ou a euforia quando o momento é de alegria, são reparados.
É uma comparação um pouco exagerada, mas hoje, dia 22/02/2018, exatamente uma semana após a audiência de Pantera Negra (Black Panther, 2018), pode-se perceber o que é o furacão que esse filme é hoje, não só no universo cinematográfico que a Marvel Studios excelentemente entre altos e baixos, vem mantendo nos últimos 10 anos.
Mas vamos por partes...
Se de um lado temos o 17º filme de um universo, o tal do Universo Cinematográfico Marvel (no original, Marvel Cinematic Universe (MCU)), temos um filme que chega em um momento sócio-político mundial único, infelizmente. Em meio a tantas divergências entre pensamentos e filosofias divergentes, temos um filme que não só amplia o universo incrível já criado, mas também, traz lições de importância sem igual.
(enquanto isso, só busque no Spotify, ou qualquer outro lugar, essa trilha que me fez respeitar esse menino Kendrick Lamar)
Falando do filme...após os eventos de Capitão América: Guerra Civil, T'Challa (Chadwick Boseman) precisa voltar a Wakanda, seu país natal, para assumir seu lugar de direito. Contudo, ele precisa enfrentar oposições sobre seu poder que vão além da sua compreensão como até então, príncipe daquele país que se escondia do mundo com sua avançada tecnologia e multi-facções, ou tribos, que precisavam também lidar com a perda recente de seu rei.
Lidando com esse peso, T'Challa precisa assumir em definitivo o manto do Pantera Negra, guerreiro lendário que deve proteger Wakanda dos estrangeiros que tentam invadir o país e se aproveitar do seu bem mais precioso: o Vibranium.
O que mais me agradou no filme foi a forma como o roteiro de Ryan Coogler, em parceria com Joe Robert Cole, não é cansativo na introdução de um mundo totalmente novo a esse universo, mas também não deixa brechas para questionamentos. Wakanda, esse mundo localizado no coração da África, super rico e com tecnologia avançada é totalmente verossímil no MCU.
Mas é claro que só uma introdução competente não faria jus ao peso que o filme tem e isso se prova logo em seus primeiros minutos com o show de cores e diversidade que a produção não poupou em mostrar. São cores lindas, são imagens marcantes e uma fotografia, que nas cenas durante o dia, mesmo com CGI ao fundo, são de uma personalidade única e dificilmente vista mesmo fora do sub-gênero de super-heróis.
CGI esse que é um problema em muitos momentos do filme? Sim, mas isso não faz com que ele perca seu peso.
Se já falei de seu roteiro direto e certeiro, seja em sua narrativa bem amarrada e precisa, é de supor que seu elenco deveria ser a altura...e olha, não me lembro de um filme onde TODO o elenco tem algum momento destaque - e RELEVÂNCIA - dentro de uma trama, como nesse filme.
Começando por seu protagonista: Chadwick Boseman é o Pantera Negra. Se a maior identificação que o público pode ter com um personagem é reconhecer suas imperfeições, isso o ator consegue passar de forma primorosa. Se a correria de Guerra Civil escondeu as facetas que, se não existiam antes dos eventos do filme, agora mexem com sua conduta e modo de agir.
Danai Gurira como Okoye é uma líder justa e que causa um incomodo muito interessante durante a narrativa sobre o posicionamento entre dever civil e relacionamentos. É o maior destaque nas cenas de ação e uma aliada poderosa do Pantera.
Lupita Nyong'o como Nakia é mais do que o interesse amoroso do herói. É uma personagem que, em comparação as referências de James Bond, é uma perfeita Panther Girl. Se mostra uma das aliadas, ao lado de Okoye, mais importantes de T'Challa, quando a coisa aperta.
Temos também destaque para todos os coadjuvantes. Letitia Wright, que interpreta a irmã do Pantera, Shuri, é ao mesmo tempo o alívio cômico do filme, que não peca como outros filmes da Marvel em perder a mão nas piadas, é a pessoa que faz com que os poderes do Pantera sejam potencializados com suas invenções que me fazem imaginar uma parceria de sucesso com Tony Stark nos filmes futuros...quem sabe?
Daniel Kaluuya, que interpreta W'Kabi, líder da Tribo da Fronteira, e suas facetas enigmáticas é um personagem que vejo uma evolução para os próximos filmes. Só não sei definir se para o bem, ou para o mal. Forest Whitaker e Angela Bassett são a força da experiência no elenco e na história, junto com Martin Freeman, que também retorna como Everett K. Ross, agente da CIA que após os eventos do filme, deixa de ver o mundo em preto e branco.
Mas se o elenco de apoio da parte do herói se destaca e evolui junto com a trama, posso dizer com toda certeza de que temos os melhores, ou o melhor vilão de todo o MCU...e o Loki que me perdoe. Sim, porque se de um lado temos um Andy Serkis, com seu Ulysses Klaue, que já havia aparecido em Vingadores: Era de Ultron, quase como um "coringa" da Marvel, se divertindo à todo vapor, temos Michael B. Jordan como N'Jadaka ou, Erik "Killmonger" Stevens.
Como uma força da natureza, desde o momento em que aparece na tela, Killmonger é um vilão como poucos no universo Marvel, não só do cinema. A interpretação de B. Jordan traz uma realidade que extrapola a tela. E de tão poderosa essa força, em alguns momento é totalmente natural entender as motivações que ele tem para suas ações, que, sim, são erradas, mas que são a única arma que sua realidade permitiu aprender e evoluir. Além de ter uma das falas mais impactantes e poderosas - e tristes por seu paralelo com o mundo real - que qualquer filme desse sub-gênero virá a ter!
Não poderia de deixar de registrar o fato de que, assim como Capitão América: Soldado Invernal, Pantera Negra tem um peso tão grande como filme, que se excluirmos todos os elementos fantásticos da trama, ou que envolvem esse universo da Marvel, temos um filme incrível.
Referências a filmes como James Bond, De Volta Para o Futuro e o Rei Leão (emocionante diga-se de passagem) são algumas das várias off-MCU que arrancam aqueles sorrisinhos de canto de boca instantaneamente.
É um filme que não brinca com a inteligência do espectador. Tudo aquilo que precisamos saber sobre Wakanda e seus moradores fantásticos nos é apresentado. Se ficaram pontas soltas, elas são necessárias não só para uma sequência - que com TODA CERTEZA VIRÁ - mas também por ser parte de algo maior. E tudo flui, de maneira natural e não forçada.
Falar mais de suas viradas acabaria com a experiência de qualquer um...e não é esse o objetivo dessa resenha. Ao contrário! Como já havia dito nas nossas redes, e lá no meu Facebook, é um filme incrível, corajoso e além do seu tempo.
Não quero falar mais do que já falei da questão sócio-política dele, mas dizer que o filme é único em seus diálogos e posicionamento, nunca vai ser chover no molhado. A maior parte dos impactos desse filme vem das palavras...e isso infelizmente é muito raro no cinema de entretenimento...os chamados blockbusters.
E mais do que um filme de um grande estúdio, Pantera Negra é um atestado de que se havia algo a ser dito, isso foi feito. De forma elegante, dentro de um universo maior do que todas as merdas que vivemos no mundo real. Mas que não esconde elas.
Que mistura a realidade fantástica de personagens criados no meio da década de 60, em um momento tão conturbado quanto, mas que hoje tem uma voz que ecoará em meio a maior franquia de filmes já criada, mas também em toda a sua representatividade.
Sim, eu era um daqueles que falava "poxa, mas tivemos Blade antes...". Contudo, a mensagem implícita e explicita em Pantera Negra, transforma o filme de Wesley Snipes apenas em entretenimento de Sessão da Tarde.
Pantera Negra é um filme histórico! Seja por sua representatividade, seja pelos recordes que já vem batendo ou por todos os motivos que citei nessa resenha. É um filme muito importante, não só para o impacto social, mas pelos caminhos que se seguem em seu universo.
Assista...hoje, ou o quanto antes. Entretenimento com esse nível de qualidade, infelizmente, não é sempre que aparece. Com sua mensagem mais do que atual explicita em todo o tempo, mas sem ser pedante ou cansativa, agregar e fará com que o espectador mais atento, tenha a percepção de que sim, representatividade importa!
E que venham mais exemplos...porque a Marvel não só surpreendeu, como deu ao seu diretor/roteirista as ferramentas necessárias para mesclar um filme com personalidade em meio a uma franquia de 10 anos.
É pra aplaudir sim...e não se esqueça: Wakanda Forever!
TRAILER:
AVALIAÇÃO do MANGUAÇA (Leitão):
Direção: Ryan Coogler
Roteiro: Joe Robert Cole e Ryan Coogler
Elenco: Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong'o, Letitia Wright, Martin Freeman, Daniel Kaluuya, Angela Bassett, Winston Duke, Danai Gurira, Andy Serkis, Forest Whitaker
Para mais: Wikipédia | IMDb | Site Oficial
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É uma comparação um pouco exagerada, mas hoje, dia 22/02/2018, exatamente uma semana após a audiência de Pantera Negra (Black Panther, 2018), pode-se perceber o que é o furacão que esse filme é hoje, não só no universo cinematográfico que a Marvel Studios excelentemente entre altos e baixos, vem mantendo nos últimos 10 anos.
Mas vamos por partes...
Se de um lado temos o 17º filme de um universo, o tal do Universo Cinematográfico Marvel (no original, Marvel Cinematic Universe (MCU)), temos um filme que chega em um momento sócio-político mundial único, infelizmente. Em meio a tantas divergências entre pensamentos e filosofias divergentes, temos um filme que não só amplia o universo incrível já criado, mas também, traz lições de importância sem igual.
(enquanto isso, só busque no Spotify, ou qualquer outro lugar, essa trilha que me fez respeitar esse menino Kendrick Lamar)
Falando do filme...após os eventos de Capitão América: Guerra Civil, T'Challa (Chadwick Boseman) precisa voltar a Wakanda, seu país natal, para assumir seu lugar de direito. Contudo, ele precisa enfrentar oposições sobre seu poder que vão além da sua compreensão como até então, príncipe daquele país que se escondia do mundo com sua avançada tecnologia e multi-facções, ou tribos, que precisavam também lidar com a perda recente de seu rei.
Lidando com esse peso, T'Challa precisa assumir em definitivo o manto do Pantera Negra, guerreiro lendário que deve proteger Wakanda dos estrangeiros que tentam invadir o país e se aproveitar do seu bem mais precioso: o Vibranium.
O que mais me agradou no filme foi a forma como o roteiro de Ryan Coogler, em parceria com Joe Robert Cole, não é cansativo na introdução de um mundo totalmente novo a esse universo, mas também não deixa brechas para questionamentos. Wakanda, esse mundo localizado no coração da África, super rico e com tecnologia avançada é totalmente verossímil no MCU.
Mas é claro que só uma introdução competente não faria jus ao peso que o filme tem e isso se prova logo em seus primeiros minutos com o show de cores e diversidade que a produção não poupou em mostrar. São cores lindas, são imagens marcantes e uma fotografia, que nas cenas durante o dia, mesmo com CGI ao fundo, são de uma personalidade única e dificilmente vista mesmo fora do sub-gênero de super-heróis.
CGI esse que é um problema em muitos momentos do filme? Sim, mas isso não faz com que ele perca seu peso.
Se já falei de seu roteiro direto e certeiro, seja em sua narrativa bem amarrada e precisa, é de supor que seu elenco deveria ser a altura...e olha, não me lembro de um filme onde TODO o elenco tem algum momento destaque - e RELEVÂNCIA - dentro de uma trama, como nesse filme.
Aquele elenco que você respeita! |
Começando por seu protagonista: Chadwick Boseman é o Pantera Negra. Se a maior identificação que o público pode ter com um personagem é reconhecer suas imperfeições, isso o ator consegue passar de forma primorosa. Se a correria de Guerra Civil escondeu as facetas que, se não existiam antes dos eventos do filme, agora mexem com sua conduta e modo de agir.
Danai Gurira como Okoye é uma líder justa e que causa um incomodo muito interessante durante a narrativa sobre o posicionamento entre dever civil e relacionamentos. É o maior destaque nas cenas de ação e uma aliada poderosa do Pantera.
Lupita Nyong'o como Nakia é mais do que o interesse amoroso do herói. É uma personagem que, em comparação as referências de James Bond, é uma perfeita Panther Girl. Se mostra uma das aliadas, ao lado de Okoye, mais importantes de T'Challa, quando a coisa aperta.
Temos também destaque para todos os coadjuvantes. Letitia Wright, que interpreta a irmã do Pantera, Shuri, é ao mesmo tempo o alívio cômico do filme, que não peca como outros filmes da Marvel em perder a mão nas piadas, é a pessoa que faz com que os poderes do Pantera sejam potencializados com suas invenções que me fazem imaginar uma parceria de sucesso com Tony Stark nos filmes futuros...quem sabe?
Daniel Kaluuya, que interpreta W'Kabi, líder da Tribo da Fronteira, e suas facetas enigmáticas é um personagem que vejo uma evolução para os próximos filmes. Só não sei definir se para o bem, ou para o mal. Forest Whitaker e Angela Bassett são a força da experiência no elenco e na história, junto com Martin Freeman, que também retorna como Everett K. Ross, agente da CIA que após os eventos do filme, deixa de ver o mundo em preto e branco.
Mas se o elenco de apoio da parte do herói se destaca e evolui junto com a trama, posso dizer com toda certeza de que temos os melhores, ou o melhor vilão de todo o MCU...e o Loki que me perdoe. Sim, porque se de um lado temos um Andy Serkis, com seu Ulysses Klaue, que já havia aparecido em Vingadores: Era de Ultron, quase como um "coringa" da Marvel, se divertindo à todo vapor, temos Michael B. Jordan como N'Jadaka ou, Erik "Killmonger" Stevens.
Como uma força da natureza, desde o momento em que aparece na tela, Killmonger é um vilão como poucos no universo Marvel, não só do cinema. A interpretação de B. Jordan traz uma realidade que extrapola a tela. E de tão poderosa essa força, em alguns momento é totalmente natural entender as motivações que ele tem para suas ações, que, sim, são erradas, mas que são a única arma que sua realidade permitiu aprender e evoluir. Além de ter uma das falas mais impactantes e poderosas - e tristes por seu paralelo com o mundo real - que qualquer filme desse sub-gênero virá a ter!
Referências a filmes como James Bond, De Volta Para o Futuro e o Rei Leão (emocionante diga-se de passagem) são algumas das várias off-MCU que arrancam aqueles sorrisinhos de canto de boca instantaneamente.
É um filme que não brinca com a inteligência do espectador. Tudo aquilo que precisamos saber sobre Wakanda e seus moradores fantásticos nos é apresentado. Se ficaram pontas soltas, elas são necessárias não só para uma sequência - que com TODA CERTEZA VIRÁ - mas também por ser parte de algo maior. E tudo flui, de maneira natural e não forçada.
Falar mais de suas viradas acabaria com a experiência de qualquer um...e não é esse o objetivo dessa resenha. Ao contrário! Como já havia dito nas nossas redes, e lá no meu Facebook, é um filme incrível, corajoso e além do seu tempo.
Não quero falar mais do que já falei da questão sócio-política dele, mas dizer que o filme é único em seus diálogos e posicionamento, nunca vai ser chover no molhado. A maior parte dos impactos desse filme vem das palavras...e isso infelizmente é muito raro no cinema de entretenimento...os chamados blockbusters.
E mais do que um filme de um grande estúdio, Pantera Negra é um atestado de que se havia algo a ser dito, isso foi feito. De forma elegante, dentro de um universo maior do que todas as merdas que vivemos no mundo real. Mas que não esconde elas.
Que mistura a realidade fantástica de personagens criados no meio da década de 60, em um momento tão conturbado quanto, mas que hoje tem uma voz que ecoará em meio a maior franquia de filmes já criada, mas também em toda a sua representatividade.
Sim, eu era um daqueles que falava "poxa, mas tivemos Blade antes...". Contudo, a mensagem implícita e explicita em Pantera Negra, transforma o filme de Wesley Snipes apenas em entretenimento de Sessão da Tarde.
Pantera Negra é um filme histórico! Seja por sua representatividade, seja pelos recordes que já vem batendo ou por todos os motivos que citei nessa resenha. É um filme muito importante, não só para o impacto social, mas pelos caminhos que se seguem em seu universo.
Assista...hoje, ou o quanto antes. Entretenimento com esse nível de qualidade, infelizmente, não é sempre que aparece. Com sua mensagem mais do que atual explicita em todo o tempo, mas sem ser pedante ou cansativa, agregar e fará com que o espectador mais atento, tenha a percepção de que sim, representatividade importa!
E que venham mais exemplos...porque a Marvel não só surpreendeu, como deu ao seu diretor/roteirista as ferramentas necessárias para mesclar um filme com personalidade em meio a uma franquia de 10 anos.
É pra aplaudir sim...e não se esqueça: Wakanda Forever!
TRAILER:
AVALIAÇÃO do MANGUAÇA (Leitão):
Ficha Técnica:
Pantera Negra (Black Panther) - EUA - 134 min. - 2018 - Ação/Aventura/FantasiaDireção: Ryan Coogler
Roteiro: Joe Robert Cole e Ryan Coogler
Elenco: Chadwick Boseman, Michael B. Jordan, Lupita Nyong'o, Letitia Wright, Martin Freeman, Daniel Kaluuya, Angela Bassett, Winston Duke, Danai Gurira, Andy Serkis, Forest Whitaker
Para mais: Wikipédia | IMDb | Site Oficial
Resenha | Pantera Negra (Black Panther, 2018)
Reviewed by Sérgio Leitão
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01:17
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