Resenha | Star Wars: Os Últimos Jedi

Ao final da sessão de O Despertar da Força, sai empolgado do cinema, totalmente contaminado com o clima de nostalgia que a saga só tinha me causado ao final do Episódio VI: O Retorno de Jedi. Sabe que teríamos mais uma trilogia Star Wars, dando continuidade ao mundo que foi apresentado inicialmente por George Lucas, me trouxe muitos sentimentos de outrora.

Mas fato é que, com as novidades que foram apresentadas pela trilogia prequel, parte de mim queria o incômodo e a reação que tive ao final do Episódio III: A Vingança dos Sith. Mesmo sabendo do destino dos personagens, a forma como Lucas conduziu a história dessa trilogia, focando em seu viés político - que preenche de maneira assertiva as lacunas para os episódios seguintes hoje - , causava uma discussão.

Não muito saudável tamanha foi a disparidade de opiniões sobre o filme. Com Rogue One, esse sentimento se repetiu, pela coragem em se mostrar uma visão dos Jedi e todo o misticismo envolto deles.
E eis que ansiosamente chegamos ao dia 14/12/2017, onde ocorreu o lançamento do oitavo episódio, dessa saga que, já adianto, não dá sinais de acabar tão cedo.

Dando continuidade a trama, do ponto onde paramos em O Despertar da Força, o filme começa com uma incrível cena de batalha espacial. Poe Dameron (Oscar Isacc) mais uma vez mostra que tem o carisma de um Han Solo (Harrison Ford) para poder seguir como a parte irônica do trio de personagens principais.

Do outro lado da galáxia, temos Rey (Daisy Ridley), que após encontrar Luke (Mark Hammil), agora tem que convencer o Jedi a fazer com que ela entenda o seu lugar nessa história toda de luta dos Rebeldes contra a Primeira Ordem.

E nessas duas linhas, que inevitavelmente se cruzam durante o filme, o roteiro de Rian Johnson cutuca, incomoda e traz questionamentos nunca antes abordados na série. E você já deve ter percebido que isso vai ser uma recorrência nesse texto (e em qualquer outro que você for ler sobre o filme).

Os Jedi não passam de lendas, de uma realidade distante e é isso que Luke tenta sempre mostrar para Rey. Mas a moça tem uma fé que nem ela mesmo entende...e isso a move em tentar descobrir não só quem é, mas de onde veio. E mais importante: para onde ela vai!

Comandados por Leia (Carrie Fisher ❤), os Rebeldes estão enfrentando a Primeira Ordem, que sob o comando do General Hux (Domhnall Gleeson), puto da vida pelos tropeços do filme anterior, persegue a frota Rebelde como uma caça espacial que dá pano pra manga de que os heróis rebeldes apareçam e criem outra linha na história.

Com o cenário já estabelecido, Os Últimos Jedi (que não faz jus ao contexto do filme - e que foi criticado pelo diretor - em ter o plural em sua versão brasileira), o filme então começa o seu show! Confesso que estava muito com receio de de que o filme entregasse mais do mesmo, o que já disse que não é ruim, mas que fosse muito mais nostalgia do que novidade.

"Ledo engano jovem Padawan", poderia Obi-Wan me dizer.

A qualidade do diretor e roteirista Rian Johnson sem sobra de dúvida é inquestionável e traz alguns dos melhores momentos DE TODA A SAGA, com belíssimas cenas, sejam elas em planos abertos, que nos preparam para algo que irá acontecer ali, ou close-ups e efeitos de luz e contra-luz que, mesmo respeitando o que já foi feito no passado, mostra o talento desse que pra mim, pode fazer mais nove filmes da saga que nem vou reclamar!

É também necessário ressaltar o mérito que o diretor de fotografia Steve Yedlin tem, como parte da "culpa" em trazer cenas tão belas e que nunca foram pensadas para a série. Só as cenas entre Rey e Luke na ilha são exemplo maior disso, mas mesmo em meio ao caos de explosões e tiros de blaster, é possível claramente perceber que houve ali um cuidado, uma mão diferenciada e que talvez fizesse a diferença em filmes como o da trilogia prequel dos anos 2000.

Falando na Rey, como Daisy Ridley é uma atriz incrível né? Se alguém tinha dúvidas do talento da atriz inglesa, pode começar a pagar essa aposta. Seja nas cenas mais intimistas ou nos momentos de ação, temos ali a certeza de que o legado de Star Wars foi colocado em boas mãos, quando falamos de protagonistas.

Continuando a falar dos herdeiros do protagonismo, Oscar Issac, ator versátil e ousado que é em outros projetos, aqui se mostra a vontade, em casa. Com um texto que cai como uma luva em sua personificação irônica e ousada de Dameron, criou um personagem que já entrou para a história dos mais icônicos da saga.

John Boyega com seu Finn, que no início do filme parece que vai seguir como coadjuvante de luxo, reverte tudo e manda muito bem. Com duas cenas que entram para as mais dramáticas da série, podemos colocar Finn na lista da galeria de personagens fodas! A batalha contra a Capitã Phasma (Gwendoline Christie) e o ataque contra a Primeira Ordem (que não vou dizer mais detalhes para não estragar a surpresa) são cenas incríveis.

Mas claro que não poderia deixar de citar a dupla de irmãos que construíram essa história. O Luke de Mark Hammil, cético e sem esperança, é talvez a melhor encarnação que o personagem poderia ter nesse momento da história. E que é presenteado com uma cena que foi aplaudida por toda a sala de cinema. É demais!

Leia, o canto do cisne de Carrie Fischer, é uma presença imponente. Seja nos momentos de serenidade, seja nos momentos de total surpresa e inéditos, é o fio condutor do que se pode chamar de "nostalgia implícita" e do que mantém os heróis sempre com a esperança renovada e em voga. E que também tem uma cena de presente que olha, é mais demais para não usar outra palavra aqui (FODA, FODA PRA CARALHO!).

Poderia dizer mais e ir além, como falar sobre a presença de um personagem clássico que fez o arrancou aplausos da sala também, mas seria estragar a surpresa de quem ainda não viu. Mas posso dizer que é uma participação tão inesperada e incrível, que olha...emociona!

Falei do lado luminoso da Força, mas o filme, que em seu equilíbrio apresenta um Kylo Ren (Adam Drive) mais pertubado do que no filme anterior, mas com os contornos mais definidos. A influência do Supremo Líder Snoke (Andy Serkins), após os eventos do Episódio VII, é mais forte do que nunca, mas o fantasma de Darth Vader ainda parece pesar no jovem Ben Solo.

Acaba se tornando mais um dos fios condutores da história e traz consequências que, posso dizer, não esperava que acontecesse nesse episódio, mas ainda bem que sim, pois a virada é muito positiva e que traz mais peso ao personagem, que convenhamos, não convenceu muito no filme anterior.

Fomos apresentados a novos personagens que, ao contrário do poderia se imaginar, tem peso na história e momentos de destaque memoráveis também. Rose (Kelly Marie Tran), aparece de maneira inusitada e acaba cativando, fazendo com Finn uma dupla muito agradável de se ver em ação. A Almirante Holdo (Laura Dern) o da força de Leia em sua personalidade controversa, é uma adição incrível ao grupo dos Rebeldes.

Mas o destaque ficam para Benício Del Toro, com personagem chamado DJ, envolto em mistério e que, tenho certeza que retorna no futuro da franquia, não só no próximo episódio. E temos claro, os Porgs. As criaturinhas fofinhas que poderiam ser uma ameaça ao andamento do filme, se fossem mal introduzidos, são muito bem-vindos e acabam arrancando boas risadas ao lado de Chewie (Peter Mayhew e Joonas Suotamo).

Claro que antes que você me pergunte, BB8 está sim no filme e rouba a cena cada vez que aparece e também o espaço em nossos corações! C3PO (Antony Daniels) e R2-D2 continuam também a aparecer, mas com menor espaço, só para fazer o link entre todos os Star Wars que já tivemos ou iremos ter.

É importante ressaltar o humor...mas um humor inteligente. As cenas de arrancam gargalhadas do público, são aquelas contidas, que estão dentro de um contexto natural, e não fogem do que o roteiro propõe.

Finalizando, claro que não poderia deixa de falar da trilha de John Williams. Que prazer é ver o compositor em plena forma. Seja nas cenas mais banais, quanto nas cenas mais grandiosas, o compositor preenche as lacunas que poderiam se perder se a mão de um dos que conhecem tão bem essa saga e pode aqui, ficar mais a vontade do que no episódio anterior.

Star Wars: Os Últimos Jedi é um marco na história da saga mais famosa da cultura pop. Pode ser que o tempo não ajude as resoluções do filme. Pode ser que alguns fãs não gostem da nova abordagem. Mas é fato inquestionável que a mão de Rian Johnson, seja no roteiro que sai do convencional que a série estava se propondo no episódio anterior, seja na direção ousada e com uma visão inovadora, mas respeitando o que Star Wars, só tem a agregar e engrandecer a série.

Sai do cinema incrível satisfeito. Com uma sensação de alívio em saber que temos muito ainda para ver dessa galáxia muito, muito distante, que não tem nada de distante e é cada vez mais viva nos fãs que não só gostam da série, mas aos novos e bem-vindos fãs que gostam de cinema de qualidade!

TRAILER:

AVALIAÇÃO  do MANGUAÇA (Leitão):

Ficha Técnica:

Star Wars: Episódio VIII - Os Últimos Jedi (Star Wars: Episode VIII - The Last Jedi) - EUA - 152 min. - 2017 - Aventura/Fantasia/Space Opera
Direção: Rian Johnson
Roteiro: Rian Johnson
Elenco: Adam Driver, Daisy Ridley, John Boyega, Oscar Isaac, Mark Hamill, Carrie Fisher, Kelly Marie Tran, Lupita Nyong'o, Billie Lourd, Domhnall Gleeson, Anthony Daniels, Gwendoline Christie
Andy Serkis, Laura Dern, Benicio del Toro
Para mais: Wikipédia | IMDb | Site Oficial

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Resenha | Star Wars: Os Últimos Jedi Resenha | Star Wars: Os Últimos Jedi Reviewed by Sérgio Leitão on 16:16 Rating: 5

Sobre o Sérgio: Made in Fortaleza perdido em SP since 95. Pai do Matheus e do blog Desventuras de um Alter Ego. Quase músico, quase escritor, quase tudo, quase nada. Facebook | Twitter

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