Resenhas | O Matador (2017)


Na última sexta-feira (10) estreou na Netflix o primeiro longa com produção nacional “O Matador”. O filme é dirigido por Marcelo Galvão (Colegas) e ambientado no sertão de Pernambuco. O longa conta diversas histórias sobre as matanças, as histórias de vingança e a luta pela dignidade de um homem em uma época que a lei do mais forte e do sobrevivente se fazia sinônimo de justiça.


- O Diretor –


Primeiramente eu gostaria de falar sobre a direção de Marcelo Galvão. O diretor bebe diretamente na fonte de João Guimarães Rosa que em 1956 lançava no Brasil Grande Sertão: Veredas, livro que retratava o interior do pais. O olhar de Marcelo Galvão sobre o sertão nos apresenta um novo mundo e ao mesmo tempo uma época passada.

- Jagunços e Cangaceiros –


Como se folheássemos os antigos cordéis nordestinos, o filme alterna entre muitos personagens através de uma trama contada por um homem preso por dois matadores. Aparentemente desconexas as histórias vão se ligando no decorrer do filme, o que me encantou foi a ambientação da história. Mostrando o puro e seco sertão pernambucano em 1910, vemos os mitos que encontramos apenas em livros, os Jagunços, os coronéis, os matadores e claro a pobreza daquela época.


Cabeleira –


As histórias giram em torno de Cabeleira (Diogo Morgado), um homem que foi criado por um cangaceiro que desapareceu sem deixar rastros quando ele ainda era criança. Já adulto, Cabeleira sai em busca daquele que foi seu pai Sete Orelhas (Deto Montenegro) e acaba encontrando uma cidade dominada por um excêntrico milionário francês que não importa com nada. O ator Diogo Morgado sabe a dose certa entre a brutalidade e a doçura em seu personagem. No início nos traz um sentimento de rejeição por conta das atitudes de Cabeleira mas com passar da história vamos nos apegando a vida e as motivações do personagem.

- Pernambuco, 1910 –



Trazendo cores quentes que refletem muito bem o calor e a segura do sertão pernambucano. Marcelo Galvão sabe trazer a sensação de viver na época. Com belíssimos planos abertos sentimos a vastidão da seca nordestina – algumas cenas trazem uma “cara de cinema”, o maior pecado talvez seja em alguns enquadramentos e luzes comuns em novelas.


- Roteiro –


Apesar da impressionante fidelidade com o contexto histórico e cultural, o roteiro também de Marcelo Galvão leva certo tempo para conseguir amarrar todos os pontos da história. Costurando várias histórias distintas e desconexas em uma única jornada, com um ritmo rápido e personagens marcantes. Os diálogos truncados, no entanto, reduzem o ritmo de forma negativa. Os atores se esforçam ao máximo para transmitirem a ideia de que são todos nativos de Pernambuco e conseguem fazer um trabalho decente, porém, fica claro que tudo aquilo foi escrito por um carioca que não fez uma grande pesquisa linguística para entender como as palavras e as frases são formadas e pronunciadas no nordeste brasileiro. 

- O Matador


O mais interessante em “O Matador” é que em diversas cenas aparece dividido entre o desejo de matar aqueles que lhe fizeram mal e a vontade de conseguir se conectar emocionalmente com alguém. A jornada de Cabeleira é um grande passo em mostrar nossa brasilidade que não são tão conhecidas mundo afora.



- Avaliação Do Mario Vianna -

 

- Ficha Técnica -


O Matador, 2017 - Estados Unidos
Direção: Marcelo Galvão
Roteiro: Marcelo Galvão
Elenco: Maria de Madeiros, Diogo Morgado, Mel Lisboa, Chico Gaspar, Etienne Chicot, Marat Descartes, Thaila Ayala

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Resenhas | O Matador (2017) Resenhas | O Matador (2017) Reviewed by Mario Vianna on 14:00 Rating: 5

Sobre o Mario: Pseudo-escritor, cronista e blogueiro, devorador de pizzas e sushis, sommelier de cervejas mas acaba escolhendo sempre a mais barata. Apaixonado por cinema, Alice e Tarantino mais queria mesmo é ser Woody Allen. Facebook | Twitter

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