Na última sexta-feira (10) estreou na Netflix o primeiro
longa com produção nacional “O Matador”. O filme é dirigido por Marcelo Galvão
(Colegas) e ambientado no sertão de Pernambuco. O
longa conta diversas histórias sobre as matanças, as histórias de vingança e a
luta pela dignidade de um homem em uma época que a lei do mais forte e do
sobrevivente se fazia sinônimo de justiça.
- O Diretor –
Primeiramente eu gostaria de
falar sobre a direção de Marcelo Galvão. O diretor bebe diretamente na fonte de
João Guimarães Rosa que em 1956 lançava no Brasil Grande Sertão: Veredas, livro
que retratava o interior do pais. O olhar de Marcelo Galvão sobre o sertão nos
apresenta um novo mundo e ao mesmo tempo uma época passada.
- Jagunços e Cangaceiros –
Como se folheássemos os
antigos cordéis nordestinos, o filme alterna entre muitos personagens através de
uma trama contada por um homem preso por dois matadores. Aparentemente
desconexas as histórias vão se ligando no decorrer do filme, o que me encantou foi a ambientação da história. Mostrando o puro
e seco sertão pernambucano em 1910, vemos os mitos que encontramos apenas em
livros, os Jagunços, os coronéis, os matadores e claro a pobreza daquela época.
- Cabeleira –
As histórias giram em torno
de Cabeleira (Diogo Morgado), um homem que foi criado por um cangaceiro que
desapareceu sem deixar rastros quando ele ainda era criança. Já adulto,
Cabeleira sai em busca daquele que foi seu pai Sete Orelhas (Deto Montenegro)
e acaba encontrando uma cidade dominada por um excêntrico milionário francês que
não importa com nada. O ator Diogo Morgado sabe a dose certa entre a
brutalidade e a doçura em seu personagem. No início nos traz um sentimento de
rejeição por conta das atitudes de Cabeleira mas com passar da história vamos
nos apegando a vida e as motivações do personagem.
- Pernambuco, 1910 –
Trazendo cores quentes que
refletem muito bem o calor e a segura do sertão pernambucano. Marcelo Galvão
sabe trazer a sensação de viver na época. Com belíssimos planos abertos sentimos
a vastidão da seca nordestina – algumas cenas trazem uma “cara de cinema”, o
maior pecado talvez seja em alguns enquadramentos e luzes comuns em novelas.
- Roteiro –
Apesar da impressionante
fidelidade com o contexto histórico e cultural, o roteiro também de Marcelo
Galvão leva certo tempo para conseguir amarrar todos os pontos da história. Costurando
várias histórias distintas e desconexas em uma única jornada, com um ritmo
rápido e personagens marcantes. Os diálogos truncados, no entanto, reduzem o
ritmo de forma negativa. Os atores se esforçam ao máximo para transmitirem a
ideia de que são todos nativos de Pernambuco e conseguem fazer um trabalho
decente, porém, fica claro que tudo aquilo foi escrito por um carioca que não
fez uma grande pesquisa linguística para entender como as palavras e as frases
são formadas e pronunciadas no nordeste brasileiro.
- O Matador –
- Avaliação Do Mario Vianna -
- Ficha Técnica -
O Matador, 2017 - Estados Unidos
Direção: Marcelo Galvão
Roteiro: Marcelo Galvão
Elenco: Maria de Madeiros, Diogo Morgado, Mel Lisboa, Chico Gaspar, Etienne Chicot, Marat Descartes, Thaila Ayala
Resenhas | O Matador (2017)
Reviewed by Mario Vianna
on
14:00
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