Resenha #002 | It: A Coisa (It, 2017)

Confesso que o gênero terror nunca foi e nem será meu favorito. Depois de alguns clássicos assistidos, como O Iluminado e O Exorcista, percebi uma fórmula de repetição que acabou tirando todo e qualquer frescor que os seus filmes poderiam proporcionar.

Posso citar alguns outros que me agradaram (e assustaram bastante), mas deixo para outro momento, pois o foco será falar desse que é um dos maiores sucessos não só do cinema de terror, mas do ano.

Entender o porquê essa releitura do clássico do mestre do gênero que é Stephen King faz tanto sucesso, fica até fácil entender quando se analisa seus pontos de sucesso.

Com base na publicação lançada já nos longínquos anos 80, It: A Coisa é "terror raiz", para usar um termo mais moderno em sua definição resumida. Mas ainda bem que o filme é muito mais.

Com foco em se usar da empatia que seus personagens causam para aí então, coloca-los em situações que lhe tragam perigo, o que poderia ser um lugar comum, acaba se tornando um diferencial nos modernismos do terror que prega por sustos fáceis ao invés de envolver seu público em um clima de tensão que leva ao susto...ou não.

O terror psicológico se faz muito presente na obra de King, e o filme não ousa em deixar de usar essa "arma para o sucesso" e usa o suspense para a criação desse clima.

O enredo acompanha um grupo de crianças, ou o "Grupo dos Perdedores", que se vêem na investigação do desaparecimento do irmão mais novo de  William "Bill" Denbrough ( Jaeden Lieberher), Georgie (Jackson Robert Scott).

Após ligarem alguns pontos, e passarem (e nos colocarem) alguns cagaços (desculpem pela falta de um termo melhor), as crianças descobrem que há tempos a cidade de Derry, no interior dos Estados Unidos, vem sendo assombrada pelo palhaço do mal Pennywise, o Palhaço Dançarino (Bill Skarsgård).

A Coisa, que é como as crianças se referem ao responsável pelos sumiços das várias crianças - inclusive de Georgie - e outras tragédias que a cidade teve desde sua fundação, se utiliza dos medos de suas vítimas para dar cabo delas.
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E nesse ponto mora uma das características que me fazem destacar novamente o terror psicológico que essas crianças sofrem. Todos no grupo sofrem algum tipo de uma pressão psicológica tão perigosa, ou até mais, como posso citar de exemplo o que vive a única garota do grupo, Beverly (Sophia Lillis) e que tem essa fraqueza fortemente usada pelo Pennywise.

Mas nada disso teria efeito sem o carismático elenco de crianças. Todos em algum momento tem luz para destaque, com atuações extremamente verossímeis e incrivelmente bem dirigidas por Andrés Muschietti.

O alívio cômico, que poderia ser algo que estragaria por completo a tensão e a necessidade de envolvimento naquele suspense, parece que contribui ainda mais para o nervosismo do público. Sabe, aquela risada nervosa, ou piada que você solta pra quebrar o clima? Pois bem, é exatamente com essas pérolas que somos presenteados durante a sessão.

E mesmo com alguns efeitos pontuais, a atuação de Bill Skarsgård é...como posso dizer... assustadoramente boa! As expressões é trejeitos em uma movimentação ora frenética, ora estática, faz com que a atuação de Tim Roth, que interpretou a primeira versão de Pennywise nas telas, lá nos anos 90, pareça até uma caricatura dessa versão.

Destaco também a fotografia de Chung-hoon Chung e a música de Benjamin Wallfisch. Em um combo arrebatador, a dupla foi extremamente competente em dar o suporte perfeito para as sugestões da câmera de Muschietti, trazendo cenas que deixaram o cinema inteiro tenso, MESMO COM A LUZ DO DIA. É de aplaudir mesmo.

Admito que até fiquei curioso por voltar a acompanhar o gênero, mas talvez não encontre uma combinação de fatores e elementos tão sincronizados e eficientes como em It.

Os clichês do gênero existem? Sim, aos montes (se uma luz acende sem motivo aparente, PORQUE DIABOS IR INVESTIGAR O PORQUE A PORRA DA LUZA ACENDEU?), mas não atrapalha nenhum pouco já que eles se apresentam de maneira honesta...e com certeza isso é o que trouxe o enorme sucesso que o filme ainda está tendo, no mundo inteiro.

Com a continuação já oficializada pelo estúdio, resta esperar que mantenham o nível, no mínimo, porque esse é um belo exemplar a um gênero tão cansado com falsas evoluções.

Já que é para usar o que já existe, que seja assim que utilizem, de maneira competente, honesta e que claro, nos final das contas, diverte e dá alguns cagaços.

Trailer:


Nível do Cagaço:

Cagaço Nível 4

Avaliação do Leitão:


Ficha Técnica:

It (It: A Coisa) - EUA - 135 min. - 2017 - Terror/Suspense
Direção: Andy Muschietti
Roteiro: Chase Palmer, Cary Fukunaga e Gary Dauberman
Elenco: Jaeden Lieberher, Bill Skarsgård, Wyatt Oleff, Jeremy Ray Taylor, Sophia Lillis, Finn Wolfhard, Jack Dylan Grazer, Chosen Jacobs, Nicholas Hamilton, Jackson Robert Scott
Para mais: Wikipédia | IMDb | Site Oficial

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Resenha #002 | It: A Coisa (It, 2017) Resenha #002 | It: A Coisa (It, 2017) Reviewed by Sérgio Leitão on 19:00 Rating: 5

Sobre o Sérgio: Made in Fortaleza perdido em SP since 95. Pai do Matheus e do blog Desventuras de um Alter Ego. Quase músico, quase escritor, quase tudo, quase nada. Facebook | Twitter

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